De uma forma geral, o termo agressividade é usado como sinônimo de reatividade. A mídia e as redes sociais contribuem para a generalização do uso da palavra agressividade, especialmente quando rivalizam vídeos de ataques de cães.
Por definição, agressividade significa: tendência a atacar, a provocar. Já o significado de reatividade é: qualquer reação exagerada a um estímulo. A Reatividade em cães é um comportamento preocupante para muitos tutores. Afinal, ninguém quer conviver com um animal de estimação que apresenta tendências reativas.
No entanto, é importante entender que a reatividade em cães não é uma sentença definitiva e que, geralmente, é possível reverter esse comportamento por meio de intervenções adequadas. Neste artigo, exploraremos as causas da reatividade em cães e discutir algumas estratégias para lidar com esse problema.
Antes de tudo, é crucial compreender que a reatividade em cães pode ser resultado de diferentes fatores. Alguns dos principais motivos incluem:
Genética: A agressividade canina está relacionada especialmente à genética dos animais sendo considerada uma patologia. Essa predisposição genética pode ser resultado de cruzamentos irresponsáveis. Ou seja, cães de mesma raça ou de raças diferentes com uma tendência (ou gene) agressiva, reproduzem-se gerando cães também agressivos. Portanto, a patologia agressividade é uma questão genética e hereditária, e não uma característica de raças. No Brasil não há controle sobre cruzamentos ou fiscalização sobre a responsabilidade das cruzas para prevenir este tipo de patologia nas linhagens.
Um exemplo de que quem vê fuça não vê coração é que labradores, goldens, poodles ou dachshunds, considerados mansos e dóceis, também podem ser agressivos — caso haja o cruzamento entre animais com essa predisposição genética — ou reativos — caso sejam medrosos, territorialistas ou estejam incomodados com algo.
Medo e insegurança: Cães que passaram por experiências traumáticas ou não foram devidamente socializados podem desenvolver comportamentos agressivos como mecanismo de defesa. O medo e a insegurança podem levá-los a reagir agressivamente em situações que consideram ameaçadoras para poder se afastar do desconforto.
Proteção de recursos: Cães reativos podem exibir comportamento agressivo quando sentem que seus recursos, como comida, brinquedos ou atenção do tutor, estão sendo ameaçados ou disputados.
Dor ou desconforto: Cães que estão sofrendo de doenças, lesões ou desconforto físico podem apresentar comportamento agressivo como uma resposta ao seu estado de dor.
Agora que entendemos algumas das causas subjacentes à reatividade em cães, é hora de discutir se é possível reverter esse comportamento. A boa notícia é que, geralmente, sim, é possível modificar o comportamento agressivo de um cão com intervenções adequadas.
Aqui estão algumas estratégias que podem ajudar:
Consulte um profissional: Ao lidar com reatividade canina, é fundamental buscar a orientação de um treinador de cães ou de um especialista em comportamento animal. Eles têm conhecimentos e experiência para avaliar a situação do seu cão, identificar as causas subjacentes da agressividade e desenvolver um plano de treinamento personalizado.
Socialização adequada: A socialização é um aspecto fundamental no desenvolvimento saudável de um cão. Expor o animal a diferentes pessoas, ambientes e situações desde cedo ajudará a minimizar o medo e a insegurança, reduzindo a tendência à reatividade.
Treinamento de obediência: O treinamento de obediência é essencial para estabelecer uma relação de confiança entre o tutor e o cão. Ensinar comandos básicos, como "senta", "fica" e "vem", ajuda a fortalecer a comunicação com o animal.
Reforço positivo: O uso do reforço positivo, baseado em recompensas e elogios, é fundamental para redirecionar o comportamento agressivo do cão. Em vez de punir ou reforçar negativamente a reatividade, é mais eficaz recompensar os comportamentos desejados. Por exemplo, quando o cão se comporta de forma calma e amigável em situações sociais, ofereça elogios, carinho e recompensas. Isso ajuda a associar experiências positivas e reforça o comportamento desejado.
Identificar e evitar gatilhos: Observe os gatilhos que desencadeiam a reatividade no seu cão e faça o possível para evitá-los. Se ele reage reativamente a outros cães, mantenha distância e procure rotas de passeio menos movimentadas. Se ele se sente ameaçado quando alguém se aproxima da comida, estabeleça uma área segura para as refeições.
Paciência e consistência: Reverter a reatividade em cães não acontece da noite para o dia. É um processo que requer paciência, consistência e comprometimento. Continue trabalhando com o cão, seguindo as orientações do profissional e reforçando positivamente os comportamentos corretos. Lembre-se de que cada cão é único e pode responder de maneira diferente, portanto, adapte as estratégias conforme necessário.
Acompanhamento veterinário: Em alguns casos, a reatividade pode estar relacionada a problemas de saúde, como dor crônica ou desequilíbrios hormonais. É importante consultar um veterinário para descartar qualquer causa médica subjacente e obter tratamento adequado, se necessário.
É fundamental lembrar que, em casos mais graves de reatividade, a segurança é a prioridade. Se você sentir que seu cão representa um risco iminente para você, sua família ou outras pessoas, é essencial buscar ajuda profissional imediatamente.
A reatividade em cães seja uma preocupação séria, é possível reverter esse comportamento por meio de intervenções adequadas. Buscar a orientação de um profissional, socializar adequadamente o cão, treiná-lo com reforço positivo e identificar gatilhos são estratégias eficazes para lidar com a agressividade.
Lembre-se de que a paciência, a consistência e o comprometimento são fundamentais nesse processo. Com o tempo e os cuidados adequados, é possível ajudar seu cão a superar a reatividade e viver uma vida feliz e saudável.
Por Carolina Machado / Adestradora
Especialista em Comportamento animal pela PUC de Minas Gerais.
@Dognarotina.adestramento
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